sábado, 27 de fevereiro de 2010

Terremoto - 8.8

Depois de uma viagem tão especial, o Chile ficou impregnado em nós e em todos os que acompanharam a nossa aventura. Foi muito chocante para nós então, ligar a tevê ver que aquele lindo país foi abalado por um terremoto de tamanhas proporções e que muitos daqueles lugares que vimos - principalmente no Sul - foram destruídos ou danificados. E o pior - pensar que pessoas que vimos e com quem até talvez tenhamos falado, possam ter morrido ou se ferido nessa tragédia.
Estamos tristes e preocupados. Não temos notícias da família do Juan, porque eles estão sem comunicações. Felizmente, a maioria mora em Santiago ou mais ao norte, onde os abalos foram menores.
Quero deixar registrada a nossa solidariedade ao povo chileno, que nos acolheu com tanta alegria e presteza e dizer que estamos orando por eles.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Verdades sobre o Chile

Eis alguma observações sobre o Chile:

1- Aqui os biscoitos não ficam moles, mesmo que o pacote fique aberto.
2- Mesmo muito geladas, as garrafas de refrigerante não "suam"
3- Mesmo dormindo fora da geladeira, o leite não "talha"
4- Sua pele e seu cabelo ficam secos como palha de milho
5- Os motoristas param para você passar nos cruzamentos que não tem sinal. Basta pôr o pé na rua (quando menor a cidade, mais verdadeira a afirmação).
6- Tomar uma bebida é, mera e exclusivamente, tomar um refrigerante. Portanto, a pergunta: "quer vinho ou uma bebida?", faz sentido. E, se você pergunta que bebidas tem, eles te darão a lista de refrigerantes disponíveis.
7-Ya (já) é uma expressão que serve para todo tipo de afirmação e outros fins.
8-Não há centavos. O peso vale pouco, e um peso é como se fosse um centavo, ou seja, não compra nada.
9- O Chile fabrica muito pouco, quase tudo é importado e muita coisa é brasileira. Cuidado se procura artigos "chilenos". Copos, pratos, roupas, sapatos, chocolates, cadernos, canetas, lapis, tudo é made in Brazil. Nos banheiros públicos, o papel toalha é Melhoramentos, invariavelmente. Ônibus, caminhões e alguns carros também são da indústria brasileira.
10- Ninguém, mas ninguém mesmo, anda sem camisa na rua. Mesmo em casa é raro que um homem faça isso. Peito nu, só na praia ou piscina.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Valle de la Luna


Dizem os locais que o melhor horário para visitar o Valle de la Luna é quando o sol está se pondo. Nós chegamos lá por volta das duas da tarde, sob um sol forte, e não o encontramos menos lindo, com certeza.
Há um posto na entrada do parque onde se paga uma pequena taxa para entrar, depois segue-se por um caminho que leva ao vale, rodeado de altas rochas em cuja face o vento desenhou figuras interessantes. De sob a areia, despontam rochas que lembram formas e o primeiro "ponto" assinalado aos visitantes é justamente o conjunto de três dessas rochas que lembram mulheres rezando - as "Três Marias".

A caminho do Valle de la Luna

A temperatura elevada afeta os pneus, que soltam a banda de rodagem
Caminho por onde o senso de direção do Juan nos levou (vingança!!!!)
Seguimos pela estrada procurando a entrada do Parque Nacional do Valle de la Luna e logo encontramos a placa indicativa. Depois de seguir por um caminho de sal alguns poucos quilômetros chegamos a uma bifurcação, Juan resolveu seguir para o lado oposto do que eu sugeri, porque, segundo sua estatística pessoal, as coisas estão sempre do lado contrário ao indicado pelo meu senso de direção.
Infelizmente, desta vez a estatística falhou. Soubemos disso quando nos deparamos com uma área cercada, com uma placa que dizia: "Campo Minado". É, parece que não é por aqui, concordaram todos, mas Juan ainda resolveu andar um pouco mais à frente, beirando o perigoso terreno. De repente, um tremor, um barulho, um pneu que já era.

Valle de la Luna - Cavernas

Conversando com o pessoal do hotel sobre o problema da ida de Pancho aos Geisers nós soubemos que há guias particulares que levam pequenos grupos fechados e talvez aceitem nos levar. Isso porque o principal impedimento é justamente o fato de um grupo grande ter que voltar inteiro no caso de Pancho passar mal lá em cima. O rapaz da recepção ficou de ver com uma moça que faz esse serviço, se ela poderia nos levar amanhã.
Enquanto esperamos, vamos ao Valle de La Luna, que é pertinho, tem estrada boa e dá para a gente ir sozinho.


Seguimos rumo à Cordilheira do Sal, como quem sai de volta para Calama. Já no começo da estrada está, à esquerda, o recuo de acesso ao Circuito Espeleológico, ou seja, a área das cavernas de sal.

Fizemos uma parada aí, mas Pancho ficou no mirante, já que descer pelas encostas foi difícil até para nós. Demos uma boa olhada, caminhamos até meio do caminho mas desistimos de descer até às cavernas. O sol estava queimando forte, e não houve disposição. Deixamos para depois. Mesmo assim, rendeu belas fotos essa parada.

El Tatio - Pancho é barrado de novo


Acordamos cedo e depois do banho eu e Juan fomos dar uma volta pelas imediações para ver as condições dos passeios oferecidos. Há muitas pequenas "agências" onde se pode contratar pequenas excursões aos lugares turísticos ao redor da cidade e até mesmo para a Bolívia, cuja fronteira está próxima. Queremos ver uma para os Geisers del Tatio e também descobrir o que mais se pode fazer aproveitando o pouco tempo que nos resta no Chile.
Descobrimos que a subida aos geisers custa caro, cerca de 30mil pesos por pessoa. Isabel não paga, então seriam 120mil só para isso. Os geisers estão a 4.300 metros de altitude, o caminho não é dos mais simples e achamos que o Vectra não nasceu para esse tipo de prova. O jeito seria pagar, já que esse passeio foi que nos trouxe aqui, encabeçando a lista de desejos de Pancho. Eu disse "seria" porque nem pagando encontramos uma agência que concordasse em levar um ancião de 82 anos com dificuldades para andar. Eu e Juan estamos muito decepcionados e sem coragem de dizer a Pancho que talvez ele não possa ir aos geisers.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

San Pedro do Atacama


Depois dos 95 quilômetros de serra, cruzando a Cordilheira do Sal, chegamos a San Pedro. A príncipio, é um choque. A estrada chega num descampado de terra batida, cheio de carros, ônibus e caminhões estacionados. Deste ponte seguem duas ou três ruas estreitas, que levam à parte interna da cidade, que tem vários pontos proibidos ao trânsito de automóveis.
Entramos na rua que tinha trânsito e mão, e fomos dar em outras ruas estreitas, todas cheias de gente a pé e de bicicleta. É meio como estar em Paquetá, só que sem o mar.
As casas e os muros são de adobe, ou de barro puro cozido, tudo no mesmo tom avermelhado, do chão aos telhados. Muito interessante, mesmo à noite.
Acabamos num hotel/pousada chamado "Don Raul". Conseguimos um quarto com banheiro, uma cama e dois beliches. Eu estou passando mal, com um pouco de tontura.
Depois de deixar as malas, jantamos no restaurante do hotel que oferecia uma "ceia". Enquanto esperamos a comida, escrevo este post para o blog. Aqui tem wifi, mas ainda não temos a senha. Comida espetacular e barata. Adoramos. Nem bem acabei de comer, deixo todos à mesa e vou para o quarto, antes que meu mal estar se transforme em enjoo. Buenas noches!

Calama




Chegamos a Calama por volta das 18 horas. É muito confortador chegar nessa cidade - o oásis das águas - depois de tantos quilômetros de deserto. Ver a sua imagem verde se aproximando alegra a vista, cansada da implacável aridez do Atacama, com suas cidades fantasmas.
Calama - essa mesma daquele famoso melão calamenho - é banhada pelas generosas águas do rio Loa, que dá vida em torno de si a vários povoados. A "plaza de armas" tem uma igreja (claro) cuja torre principal ganhou um cimo de cobre, metal símbolo dessa região e que mantém empregados quase todos os habitantes da cidade. É em Calama que está a grande mina de Chuquicamata, o maior buraco de extração mineral a céu aberto das Américas, e uma das maiores do mundo em produção anual. Nessa área também está a lider mundial em produção anual de cobre, a Mina Escondida.
A praça é bem cuidada, com poucas flores mas muitas árvores frondosas. Carvalhos centenários derramam seus ramos sobre os bancos, balançando ao vento fresco da tarde. Uma rua de pedestres, com uma escultura interessante sobre os temas regionais, reúne um comércio fervilhante e muitos restaurantes.
A arte está por toda parte, nos murais dos prédios públicos, na poesia escrita na pedra, na praça, nas esculturas por toda a cidade. Há um cristo, num mirante, de onde se pode ver toda a cidade.
Gostamos de Calama mas, em vez de dormir por aqui, resolvemos seguir para San Pedro que, afinal, é o plano original. Tomamos a subida para a cordilheira do Sal, e vamos percorrer 95 km até lá. Venham conosco!

Cidades Fantasmas

A placa está defasada, agora tem 685 habitantes...
Pampa Union, cidade fantasma
O caminho para Calama é de uma aridez enorme e se afasta da costa, indo rumo à Cordilheira dos Andes. Vimos várias placas indicando antigas minas de salitre desativadas, perto delas há ruínas de cidades fantasma, que acabaram quando as minas fecharam, já que viviam delas, como "Salinas" e "Pampa Union".
É interessante. Dá uma sensação estranha estar num desses lugares, que já teve vida e movimento e sentí-lo tão morto, como se o deserto em volta tivesse reclamado de volta o que era seu. As paredes destruídas pelo tempo e pela erosão, revelam o tipo de construção daquela época, que persiste até hoje nesses lugares pequenos à beira da estrada - tijolos de adobe.
Adobes são tijolos de terra crua, água e palha ou outras fibras naturais, moldados em fôrmas por processo artesanal. As construções feitas com este tijolo são muito resistentes e o interior fica fresco, ideal para áreas de altas temperaturas e baixa umidade, como o deserto. Aqui, onde o clima é quente e seco, o calor é intenso durante o dia e há sensível queda de temperatura à noite. O adobe minimiza esta variação térmica no interior das construções.
Blog é cultura!
Tirando essas cidades fantasmas, há pouca variação da paisagem. Quando aparece um lugarejo, é pouco mais que um punhado de casas, como "Sierra Gorda". Dá um sentimento de pequenez, de desproteção, fragilidade... aqui os homens sentem mais a dependência de Deus que nos grandes centros, onde se escondem do céu na sombra dos altos edifícios...
Filosofadas à parte, é especial estar aqui.

Antofagasta - Mão do Deserto


Acordamos cedo em Antofagasta, depois do café saímos em direção ao Sul, de volta à Mão do Deserto, que não foi possível ver na vinda, já que passamos durante a noite. Concordamos que não poderíamos seguir viagem sem ver esse cartão postal do deserto e resolvemos voltar e depois seguir direto pela estrada, passando por fora de Antofagasta e seguindo, para Calama.
Valeu a pena voltar, porque o momumento é muito interessante. Lá encontramos vários turistas tirando fotos, inclusive uma caravana de motociclistas brasileiros, de Juiz de Fora. Conversamos com eles, que vieram pelo norte, pelo Paso Jama, e estão hospedados em San Pedro, nosso destino final no Chile. Eles informaram que lá há muitas hospedagens, de todos os níveis, e que há muitas coisas para ver nas cercanias, todas lindas. Animados, prosseguimos nossa jornada, logo depois da partida deles, não sem antes tirar as nossas fotos, claro.
A Mão do Deserto é uma obra do artista plástico Mario Irarrázabal Covarrubias, feita em cimento e ferro, que representa um aceno do deserto aos passantes da rodovia Panamericana.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Mudando de hotel

O outro lado da cidade, visto da sacada do Plaza Hotel

Fizemos todos os planos para ficar mais um dia em Antofagasta e esquecemos "apenas" de avisar nossa intenção ao hotel. Como dissemos que íamos embora hoje, eles confirmaram a reserva do nosso apart para outros hóspedes que devem chegar à noite. Sem estresse. Eles nós encaminharam ao Plaza, no centro da cidade, muito bom também e perto de tudo.
Aqui estamos, mudados e instalados. Almoçamos aqui perto num restaurante self-service tipo "coma quanto puder e pague um preço só", novidade total por aqui. As crianças estão na praia, com Juan que está consertando as coisas do carro no calçadão. Fiquei aqui blogando, fazendo companhia a Pancho, enquanto ele intercala ver televisão e dormir sentado.
Acho que vou tomar um banho de banheira (o chuveiro é muito baixo pra mim) e depois vou tirar uma sonequinha também.

Antofagasta

Antofagasta
Na sacada do hotel Marina, Thaís força um sorriso: baixo astral

Acordamos no Hotel Marina, com um sentimento de perda muito grande. Parecia que tinha morrido alguém. O incidente com o bagageiro baixou o moral da turma, todos ficamos chateados, principalmente por perder as lembrancinhas que tia Chabela comprou para nós com tanto carinho. Conforme repassamos o ocorrido, começamos a lembrar de outros objetos que perdemos. Thaís chegou a chorar por um sapato que ela gostava muito e que agora jaz no deserto do Atacama. Isabel perdeu o ursinho de pelúcia que Maria Luíza deu no dia de nossa visita à casa dela, em San Felipe. Os potes com farelo de trigo e linhaça de Pancho, voaram também. Chaveirinhos de Valdívia, tiaras de Puerto Mont, porta-jóias e marcadores de livro de Valparaíso. Que chato.
Mas, apesar das baixas materiais, a aventura continua. Depois do café, eu e Juan fomos ao supermercado "Líder" comprar alguns artigos de higiene para repor os que voaram e fazer o nosso estoque de água mineral para enfrentar o trecho mais crítico do deserto, de Antofagasta à Calama. Como perdemos muito tempo para dar um jeito no bagageiro e para tentar -- sem sucesso -- reaver algumas coisas, acabamos por passar no monumento Mão do Deserto quando já estava noite alta. Vamos então voltar 70 km, só para vê-lo. As crianças, vendo a praia pela sacada do hotel, estão doidas para experimentar mais um pouco do pacífico. Juan tem que fazer uns acertos no carro e providenciar um conserto mais definitivo no bagageiro avariado, já que não vamos poder ficar enrolando e desenrolando fitas adesivas à volta dele.
Combinamos então que ficaremos mais um dia aqui em Antofagasta, nos recuperando emocional e físicamente, antes de prosseguir. Hoje vamos deixar as crianças passarem a tarde na praia, enquanto cuidamos dos consertos no carro. Assim, Pancho também pode descansar um pouco.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Incidente número três

Passando fita adesiva no bagageiro
Numa viagem tão longa é natural que aconteçam alguns incidentes de percurso. O primeiro obstáculo que vencemos foi o impedimento de Pancho na aduana argentina, depois tivemos o problema com o carro em Mendoza e hoje, tivemos um muito chato: nosso bagageiro abriu e perdemos algumas coisas da bagagem.
Estávamos em velocidade na estrada que corta o deserto entre Chañaral e Antofagasta, sob forte vento transversal - gente, quando eu digo forte, imagine um vendaval que te impeça de caminhar contra a sua direção. Passou por nós um imenso caminhão, que fez uma espécie de vácuo contrário e foi tamanha a força que os cadeados rasgaram o metal do bagageiro e o trinco central quebrou. Nisso, parte de nossas coisas voou para longe e, embora nós tenhamos parado imediatamente, tudo ficou fora de alcance.
Para piorar, estava escurecendo.
Recuperamos um pé da minha bota há uns 200 metros atrás, o outro achamos bem depois, ainda dentro do saco plástico. Perdemos uma sacola inteira com alguns sapatos de Juan e das meninas. Perdemos suprimentos de higiene, um saco de roupa suja, souvenirs que tínhamos comprado para os amigos e o pior, as lembrancinhas que tia Chabela nos deu para nós e para os irmãos de Juan no Brasil. De todos, recuperamos apenas o calendário que era para Pancho.
Eu e Juan passamos fita adesiva por todo o bagageiro para podermos prosseguir. A fita aguentou bem, parabéns à 3M. Lamentamos não ter feito isso antes.
Esse incidente baixou um pouco nosso moral, mas apesar do atraso que nos causou e a tristeza pela perda das lembranças... e coisas que ainda nem sabemos que perdemos, encontramos um hotel muito bom aqui em Antofagasta, perto da caleta de pescadores, com uma bonita vista para o mar. É tarde, vamos dormir. Amanhã eu conto mais.

Pan de Azucar - Almoço na praia

Isabel na praia e, ao fundo, a Isla Pan de Azucar
Pelicanos dividem a praia com os banhistas

A praia da caleta dos pescadores do Parque Pan de azucar estava lotada. Bem, lotada para os padrões do Chile, claro.
O sol estava forte, embora à sombra a gente não sinta tanto calor, a pele dói quando o sol toca nela. É muito estranho, porque dá alívio colocar roupa e não tirá-la como aqui no Brasil. Isso é devido ao clima seco, garante Juan.
Quando chegamos lá, de volta do mirante Lomitas, os restaurantes estavam quase sem comida. Isso mesmo, a comida tinha acabado em quase todos os pequenos negócios à beira da praia. Só havia empanadas fritas (o nosso pastel) e olhe lá. Enquanto Pancho e Juan foram ao banheiro público, eu percorri com Thaís todos os restaurantes, perguntando "Todavia hay comida?" e ouvia sempre " No, ya no queda nada". Por fim chegamos a um lugar, com uma cobertura como um toldo à frente, onde pessoas comiam peixe frito. O cheiro era ótimo e, finalmente, encontramos comida.
Ainda tinha paila marina, dois tipos de peixe fritos, salada chilena (tomate e cebolas), batatas fritas e empanadas fritas de mariscos ou queijo. Um banquete!
Demorou um pouco mas comemos bem. Eu e a Bel terminamos primeiro e cedendo ao pedidos insistentes dela, fomos até a praia. Aproveitei para fazer fotos do lugar, cheio de pelicanos e gaivotas.
Quando todos terminaram a refeição, Juan veio me chamar para irmos contratar o passeio de barco até a Isla Pan de Azucar, que dá nome ao lugar, avistada bem à frente, onde às vezes se pode ter a sorte de encontrar pinguins, além dos lobos do mar. Infelizmente, o último barco já tinha partido e tivemos que desistir. Assim sendo, lavamos os pés das crianças, cheios de areia, e seguimos viagem rumo a Antofagasta.

Pan de Azucar - Lomitas

Deserto de desenho animado

Uma nesga da vista que as nuvens esconderam em "Lomitas"

Isabel tenta "pegar" nuvens
Entrar nesse trecho do parque foi como entrar em outro planeta. A extensão ampla, desertica, quebrada apenas por grandes cactos e arbustos ressecados esparsamente espalhados até o horizonte dá a impressão perfeita da nossa idéia de deserto de desenho animado. Depois de algum tempo, passamos os turistas à pé. Adiante, baixou sobre nós uma neblina, das nuvens que tocavam a montanha onde estávamos e passeavam por ali calmas, sopradas por um vento leve e constante.
Isabel saiu do carro para "pegar" a nuvem. Sua alegria infantil contagiou todo mundo.
O final dessa linha é o mirante, que nos assusta pela altura, já que quase não nos damos conta da subida pela estrada, entrevemos a baía lá embaixo, através das nuvens que vêm em direção ao topo do morro. Logo não podemos ver mais nada, tudo vira um manto branco leitoso.
Quando já voltávamos para o carro, depois de explorar um pouco o lugar, percebemos filhotes de zorros por ali. Procurei outra allulla velha no carro para que Thaís e Bel tivessem sua chance com os bichinhos ariscos. Foi muito legal.
Na volta, encontramos aquela senhora que estava em dúvida sobre ir ou não a pé, paramos para falar com ela e o marido, eles perguntaram se estavam longe do mirante, dissemos que estavam quase lá.
Quando chegamos de volta à saída do mirante, conversamos e decidimos que seria gentil voltar para buscar o casal. Assim foi feito. Para dar lugar no carro, eu e as crianças ficamos na guarita, Juan voltou com Pancho para buscá-los. A carona agradou. Logo voltavam sorridentes e muito agradecidos pelo que qualificaram de "gesto amável".

Parque Pan de Azucar


Guanaco na entrada da cidade
Saímos do hotel com o carro pronto para seguir viagem. A idéia é visitar o parque nacional e de lá mesmo seguir viagem para Antofagasta, uma cidade grande, porto importante do norte do Chile. Tomamos o caminho de volta a rodovia e à esquerda está a estrada pavimentada com sal, que leva até a entrada do Parque a mais ou menos 18 km. No entroncamento está um monumento, com um Guanaco, e nós paramos para fotos, claro. A essa altura, já temos mais de mil e duzentas fotos e acho que vamos chegar às 2 mil até o fim da viagem.
Em frente ao centro de visitantes está uma praia e uma caleta de pescadores. No mar, se vê a Isla Pan de Azucar, para onde se dirigem os passeios de barco contratados ali, para se ver os leões marinhos e, com um pouco de sorte, pinguins.
Escolhemos a visita a um dos mirantes do parque, o Las Lomitas, que já estava aberto. O "La cumbre" só ia abrir às 16 horas e era bem mais longe. Teoricamente, se vai de carro até uma certa altura, depois só se pode avançar a pé, por uns 5 kms até o local do mirante de onde se avista a baia. Como Pancho está conosco, fomos autorizados a avançar até o final de carro.
O caminho é de terra, mas não está tão mal, mesmo para o Vectra. Logo chegamos à barreira a partir da qual se deve seguir andando. Na guarita, nada de guarda. Sem guarda, como entraríamos? Não temos a chave dos cadeados da cancela, nem das correntes. Pancho quer ficar no carro. Nós não o deixaríamos sozinho. Um grupo de turistas em dois carros também chegam, uma senhora está um pouco receosa da caminhada. Contamos a situação, todos tentam abrir os cadeados experimentando todas as chaves de que dispõem. Nada.
Assim que o grupo nos deixa e segue a pé, Juan tem a idéia de abrir os parafusos enormes que prendem as correntes. Ele tem a ferramenta necessária, consegue. Estamos entrando por direito, afinal, fomos autorizados. O cara da guarita devia estar ali. Sem dor nas consciências, entramos com o Vectra na área de caminhada.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Chañaral

O farol de Chañaral
Chegamos a Chañaral, ainda com bastante luz. Demos uma rodada pela cidade que tem um farol inscrustrado numa montanha ao fundo. Lugar simpático, com pouco mais de 13 mil habitantes, que está numa área de mineração de cobre e dá acesso ao Parque Nacional Pan de Azucar.
Acabamos escolhendo um hotel próximo ao centro e saímos para fazer um lanche num restaurante da rodovia. Na volta, fiz umas fotos noturnas. Amanhã vamos conhecer o Pão de Açúcar chileno...

Praias do deserto

Museu do vento

Conchas e pedras na praia Caleuche
Depois do almoço, deixamos Bahia Inglesa para tentar alcançar Chañaral, a próxima cidade onde poderíamos tentar achar hospedagem. Ali tem um outro parque nacional e pensamos aproveitar para visitá-lo. O caminho é todo acompanhando a costa, com praias muito bonitas, embora algumas impróprias para o banho e muito rochosas.
Paramos numa pequena enseada, a praia Caleuche, onde havia muitas aves e em vez de de areia, uma mistura formada por conchas de mariscos e pedras. Apanhamos umas conchas muito diferentes, coloridas e outras de formato famoso, como a dos ostiones, que é justamente aquela desenhada na marca Shell. Thaís apanhou uma muito linda, roxinha, que pretende levar para o Dinho (o namorado). Isabel também coletou as suas. Colocamos todas cuidadosamente enroladas em sacos plásticos, para ver se chegam inteiras em casa.
Uma curiosidade: "El Caleuche" é um barco fantasma, de uma lenda chilena da região de Chiloé. Considerando que estamos tão ao norte, o barco navegou bastante para chegar a essa praia, não acham?

Retomamos a estrada, passando por formações rochosas muito interessantes, que eu li no nosso mapa-guia que são chamadas de "zoológico de pedras" ou "museu do vento".

Aeroporto do Deserto



Pouco antes de se chegar a Bahia Inglesa, eu quase ia pulando essa parte, a gente vem pela estrada com nada de um lado, nada do outro, e de repente surge a placa: Aeropuerto Desierto de Atacama.
Você olha e eis que aparece uma torre de controle, depois surge um prédio e se tiver sorte, vem um avião enooorme pousando, no meio do deserto. É muito estranho, só vendo mesmo.

Bahia Inglesa e Caldera

Caldera
Bahia Inglesa me lembrou Cabo Frio
Deixamos Vallenar no nosso horário padrão, por volta das 10 horas da manhã, depois de tomar um bom café no hotel. Pancho sugeriu que almoçassemos em Copiapó, cerca de 150 km ao norte, e depois seguissemos para Bahia Inglesa, onde poderíamos nos hospedar e aproveitar um pouco a praia com as crianças. A idéia era boa.
Quando nos aproximavamos de Copiapó, Pancho e as crianças dormiam. Juan achou que era cedo para comer, resolveu passar direto e almoçar em Bahia Inglesa. Não vimos nada dessa cidade porque a estrada não passa mais por ela, contornando por fora do vale onde foi construída. Ficou para uma outra vez.
Chegamos logo ao entroncamento para Bahia Inglesa, uns 60 quilômetros depois. Entramos cheios de expectativa, acordamos Pancho que, pensando estar em Copiapó, parecia confuso de haver mar por perto. Recorremos a orla, cheia de turistas, que me lembrou Cabo Frio no verão. Tudo bem diferente de como se lembrava Pancho, nada de tranquilidade ou simplicidade.
Procuramos lugar para ficar: tudo lotado. Tentamos no povoado vizinho, Caldera - também sem sucesso. Vencidos, paramos para comer num lugar chamado "Punto de referencia", o atendimento era caótico, o lugar era quente como uma estufa e apertado. Em compensação a comida estava uma delícia - viva o chef!
Pancho queria comer um tipo específico de marisco, o ostione, que é produzido em cativeiro nessa região. Conseguiu uma porção, embora cara, como entrada. Aos poucos, todos os desejos gastronômicos dele estão sendo satisfeitos.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

La Serena e Vallenar

La Serena surge numa baixada da ruta 5
Praça de Vallenar
Na estrada sinuosa entre as rochas, depois de uma elevação, surgiu La Serena, uma cidade grande, movimentada, que vimos apenas de passagem. Comemos um lanche num posto Petrobrás (isso mesmo, há alguns por aqui) e havia pães de queijo Sadia.
Nessa região de La Serena nos juntamos novamente à costa, para voltar a abandoná-la em direção à Vallenar, por uma serra bem íngreme que integra a Cordilheira de Domeyco, um braço transversal da Cordilheira dos Andes.
A paisagem é bonita, mas o caminho tortuoso e lento, feito em mão dupla, estava cheio de caminhões que nos custava ultrapassar. Vimos dois grandes observatórios astronômicos ao longe, passamos por um "pueblo" onde uma placa indicava a população: "220 amigos". Thaís comparou: "menos gente que no meu colégio". Logo escureceu. Parecia que nunca chegaríamos a Vallenar, mas enfim, chegamos.
Era tarde, ficamos num hotel perto da praça, depois de termos sido recursados num "hostal". Dizia ter wi-fi, mas não funcionava. A dona do lugar tinha uma filha, chamada Yessica, que fez amizade com a Bel e ofereceu parceria para a bagunça. O cansaço era maior que a fome, dormimos sem comer mais nada.

Guanaqueros


Demos uma passadinha num balneário chamado Guanaqueros, para ver se podíamos encontrar um primo de Juan, filho de tio Octávio e Maria Luíza, que está de férias na região. Tudo o que tínhamos era um número de celular, que não respondia. Depois de várias tentativas, desistimos e seguimos viagem.

Parque Nacional Bosque de Fray Jorge



Subimos bastante, mas não até o fim
Na altura da Caleta La Cebada, começamos a nos afastar do mar e o deserto pedregoso tomou espaço nas duas margens da "ruta 5", com impressionantes rochas se erguendo do chão com desenhos complicados, e sulcos esculpidos pela erosão. Logo depois de um remoto posto policial, está a entrada para o Parque Nacional Bosque Fray Jorge, que desde 1977 está incluído na lista da UNESCO como reserva da biosfera.
Para chegar à entrada do parque tomamos um caminho sem alfalto, de 24 km aproximadamente. A paisagem é interessante, com muitos cactos e uma vegetação rasteira que parece seca, mas na verdade tem vida e até flores. Passamos por duas pequenas aldeias de 10 casas mais ou menos e enfim, chegamos. Uma moça saiu da guarita na entrada do parque e nos informou que o caminho para subir e passar ao outro lado da formação montanhosa dos altos de Talinay estava muito ruim para carro sem tração nas quatro rodas. Recomendou que fossemos até o centro de visitantes para ver fotos e ouvir explicações sobre o parque e deixassemos a subida para outro dia. Só que não teremos outro dia.
Entramos fomos ao centro de visitantes. Mesmo essa área é muito bonita, com uma formação de cactus linda, e a visão de uma grande planície árida que se estende até o pé das montanhas. Ouvimos as explicações do guarda florestal, vimos fotos da flora e fauna que encontraríamos do outro lado, usamos os banheiros. Juan resolveu tentar a subida.
Chegamos até bem alto, desviando de atoleiros de areia solta, até uma parte muito íngreme, quase no fim da trilha ascendente. Aí, o carro não quis mesmo subir, patinou, pesado como está e com tração traseira. Poderíamos seguir a pé como alguns estavam fazendo, a julgar uns carros deixados ali perto, mas considerando que seria impossível para Pancho e Isabel, resolvemos voltar.
Fray Jorge rendeu bonitas fotos, mas nos deu também uma certa frustração. Lidamos bem com isso, porém. Na saída do parque, paramos para fazer um registro e recebemos a visita de um pequeno lobo típico da região, que é chamado "zorro". Dei pedaços de allulla para ele que chegou muito perto de nós. Voltamos à ruta 5 para La Serena, duas horas e meia depois de tê-la deixado.

Los Vilos

Los Vilos
Em Los Vilos ficamos numa cabana sem cozinha, perto da entrada da cidade. Chegamos cedo, procuramos bem e encontramos bom preço. Descarregamos o carro e fomos comer na "Caleta San Pedro", próximo ao pier de pesca. Encontramos um restaurante bom,bonito e barato, com um garçon louco pelo Brasil, que ficou fazendo perguntas sobre leis de imigração e custo de vida. A comida ótima, mas Isabel resguardou-se num"purê de papas", que ela está aprendendo a pedir em espanhol, com variações periódicas para "papas fritas". Na falta do nosso nacionalíssimo guaraná, ela sempre pede fanta laranja.
De manhã, ainda fomos fotografar a cidade, que é um balneário. Não nos arriscamos ao passeio de bote até uma ilha de leões marinhos, embora nos oferecessem com insistência. Compramos "pan amasado y allullas", "jamón de pavo" (presunto de perú) e achocolatados em caixinha para o café. Saímos em direção à La Serena, sempre acompanhando a costa.

Mistério número um

Nos diversos hotéis e cabanas que ficamos no Chile, uma coisa tem me incomoddado: a altura dos chuveiros. São colocados quase no meio da altura da parede, como se feito para crianças ou anões.
Quando estão sobre banheiras então, tornam-se, pelo menos para mim, duchas de barriga.
Para lavar os cabelos, muitas vezes tenho que ficar de cócoras. Não tem como colocar a cabeça embaixo d´água sem se abaixar.
E antes que digam que eu sou muito alta para a média das pessoas, informo que a Thaís passou pela mesma dificuldade.
Qual o mistério dos chuveiros baixos?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Papudo e La Ligua

(foto: cupernickel)
Dulces de La Ligua
La Ligua
A "casa das bruxas", em Papudo
Chegamos por fim a Papudo, que estava cheia de gente e de carros. A cidade cresceu bastante, e a praia foi urbanizada. Um coisa permanece à beira do mar desde os tempos da infância de Juan, um casarão amrelo, que ele e os irmãos batizaram de "casa das bruxas".
Abastecemos e usamos o banheiro do posto Copec. Tiramos fotos. Partimos em direção a La Serena.
Logo à frente, fizemos um pequeno desvio, para entrar em La Ligua, terra dos doces "empolvados" que eu adoro e das roupas tecidas em lã e linha.
A cidade está bem desenvolvida e hoje esta havendo uma exposição de verão, uma espécie de feira de produtos da região. Demos um volta pela cidade e passamos nessa feira para ver. Don Pancho preferiu ficar no carro, pois estava um pouco sonolento ainda. Não demoramos muito, mas deu para ver as coisas lindas (e gostosas) que eles produzem. Quando íamos saindo, tropecei num banco baixo de madeira, machuquei as canelas. Nada sério, mas doeu bastante. Juan arranjou gelo, partimos para a estrada de novo. Várias mulheres vendem doces no acostamento, paramos para comprar alguns, por mil pesos conseguimos uma dúzia, de tipos sortidos. Todos deliciosos, mas a Isabel não gostou.
Pela hora, já vemos que não vai dar para chegar a La Serena hoje, consultamos o mapa e decidimos dormir em Los Vilos.

Pa´al norte

Construções nas encostas de Zapallar
Da porta da casa de Hilda e Carlos Ruiz Zaldivar partimos para o norte, ou como eles dizem, "pa´al norte", Primeira parada foi a casa da Ximena em Concon, para pegar a nova carteira de identidade chilena de Pancho. Com isso os argentinos devem deixá-lo passar dessa vez. Foi uma despedida rapidinha, ela nos entregou o documento e uns "recuerdos" que tia Chabela mandava e partimos em seguida. Quase hora do almoço, compramos empanadas de pino assadas em forno de barro e coca-colas, na beira da estrada.
O caminho passa por várias pequenas vilas à beira do mar, em direção Papudo, cidade de veraneio em que Pancho e a família constumavam passar os verões. Cada lugar ia assombrando Juan e Pancho, pois eram apenas lugarejos na última vez que vimos (há 15 anos, mais ou menos) e agora estão assustadoramente crescidos, com uma especulação imobiliária feroz. Condomínios fechados predominam, com prédios altos encravados na rocha costaneira.

Em casa de Carlos Ruiz Zaldivar


Antes das 10 horas já estavamos procurando a casa de tia Hilda e tio Carlos. O endereço não mudou, mas o entorno está tão diferente que tivemos alguma dificuldade em achar a rua deles. Tia Hilda nos recebeu no portão, cuidando para que sua cachorrinha de estimação não fugisse. Tio Carlos estava lá dentro, bem apoiado numa bengala de madeira, numa pose elegante. Ele é um artista: pinta, escreve poesia e prosa, uma alma sensível. Numa máquina de escrever, sobre a escrevaninha posta de frente para a porta da rua, uma folha datilografada até a metade repousa, com parágrafos da nova obra em andamento, as memórias do escritor.
A aparência do casal é ótima, os dois não parecem ter mudado nada, embora se queixem de diferentes problemas de saúde e do peso da idade. Conversamos, ouvimos as novidades e contamos sobre a nossa viagem. Ao nos despedirmos, ganhamos exemplares do último livro que tio Carlos escreveu, devidamente autografados. Tia Hilda nos deu doces para a viagem.
Foi agradável estar com eles, embora tenha sido uma visita rápida. Pancho se emocionou com a alegria deles em nos ver, todos partimos um pouco nostálgicos e em silêncio.
Todos menos Isabel, que conseguiu deixar o cachorro fugir e tentava nos convencer da sua inocência com explicações enfáticas, até muito depois de deixamos San Felipe.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Onze com os Caldera

Octávio e Maria Luisa Caldera, um casal muito amável
Quando saíamos da casa de tia Fresia, fomos encontrados pela viúva e o filho de tio Jorge, irmão caçula de Pancho. Carolina e Gabriel viram o carro com palca do Rio de Janeiro e concluíram que éramos nós. Quando passamos em San Felipe antes de ir ao Sul, procuramos por eles mas não estavam na cidade. Foi bom vê-los, afinal.
Com isso, acabamos nos atrasando para o encontro com tio Octávio e Maria Luisa, chegamos depois das 18h e eles já estavam preocupados. A idéia era conversar um pouquinho na casa deles e sair para lanchar num lugar recém inaugurado, muito elegante, no centro. Juan ainda teve que correr na lavanderia, para apanhar umas roupas que deixamos para lavar, porque a loja fecha às 20h.
O lanche transcorreu num clima alegre, muito festivo. O casal é simpatissímo e gostamos muito deles. Tio Octávio já esteve uns dias em nossa casa no Brasil e o filho mais velho deles, também. Agora Maria Luisa faz planos de conhecer nosso país e nós a incentivamos.
Conversa vai, conversa vem, acabamos nos despedindo deles tarde da noite. Parece que teremos que ficar mais um dia em San Felipe. Procuramos um residencial, vamos dormir e amanhã cedo visitamos tia Hilda e tio Carlos Ruiz, antes de partimos para Concon.

Pastéis de Choclo em San Felipe


Acordamos em Curimon e fomos tomar café em San Felipe. Depois, seguimos para a oficina do tio Octávio, onde o encontramos trabalhando na recuperação de veículos antigos. Lá, o Juan aproveitou para desmontar as rodas e ver as condições dos freios do carro. Tudo certo. Fomos trocar o óleo e procurar uma peça que Juan preferia trocar, mas na concessionária não tinha para o nosso modelo de Vectra. Tio Octávio nos convidou para a onze em sua casa, quando sua simpatica esposa, Maria Luísa estaria de volta do trabalho.
Almoçamos na praça e fomos para casa de tia Fresia levar uma encomenda que esquecemos de levar da outra vez. Ela nos esperava com pastéis de choco congelados, colocou no forno, apesar dos nossos protestos de que já tínhamos almoçado.
Os pásteis de choclo não têm nada a ver com a nossa idéia de pastel. Na verdade é um creme de minho adocicado, cobrindo um quarto de frango, gratinado. Fica muito bom, e o cheiro é ótimo também. Juan e Pancho encararam o desafio, sem sofrer. Todos provamos, estava mesmo uma delícia.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Passando a noite em Curimon

Cabaña de Curimon
De Villa Rica vamos subindo. Queremos chegar ainda hoje em Santiago, ainda queremos voltar a San Felipe para ver tio Octávio e também Tia Hilda e tio Carlos Ruiz. Depois ainda passamos em Concon, para apanhar com Ximena a carteira de identidade nova de Pancho que já está pronta, antes de seguir rumo ao norte.
Não paramos para almoçar. Compramos na beira da estrada um queijo caipira com tortillas (um tipo de pão rústico assado em forno de lenha) e frutas. Comemos ouvindo música e conversando sobre as lindas coisas que vimos até aqui. Para beber, uma garrafa de dois litros do néctar Watts, o suco mais delicioso que há na face da Terra, acreditem.
Chegamos a San Felipe ao anoitecer. Procuramos um outro residencial, melhor que o primeiro, para passar a noite, nos indicaram cabañas em Curimon, aldeia próxima. Amanhã vamos ver o pessoal.

Deixando Villa Rica e Pucón



Acordamos por volta das 8 horas. Lá fora está chovendo.
O frio fora das cobertas é terrível, ninguém quer ser o primeiro a levantar. Como já tomei banho ontem, me visto sob as cobertas e saio da cama para esquentar a água para o té do café da manhã e o leite. Preparo a mesa do café batendo o queixo de frio, resolvo colocar alguma lã e separou roupas quentes para a Bel também.
Juan resolve enfrentar o banho mas desiste logo, já que a água sai de gelada para fria quando se abre a torneira quente. Ninguém se atreve mais, e todos colocam suas roupas de frio - nem em Puerto Mont pegamos tanto frio.
Depois do café, que nos aqueceu um pouco, preparamos as malas para partir - na hora de ir para o carro, começou a chover forte. Esperamos, encolhidos sob cobertores, vendo tevê. Assim que estia, Juan e Thaís vão colocando as malas no carro, quando terminam, volta a chover. Nova espera. Nova estiagem - hora de correr para o carro. Mas, antes, uma foto, please!
Descendo para Pucón, ligamos o rádio, que informa a temperatura. A noite foi fria, apenas 2 graus. É verão. O Villa Rica está todo coberto de nuvens, não o vemos mais.