sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Argentina / Chile: a Cordilheira


De carro, essa é a terceira vez que cruzo a Cordilheira do Andes.
Nunca vou deixar de me emocionar com esse lugar, sua grandiosidade, a imponente forma das montanhas recortadas no céu. Nenhuma foto poderá jamais transmitir a sensação que se tem ao pé dessa milenar obra da natureza, prova indubitável da existência de um Deus criador de infinito poder. Ali, na sombra dessas imensas rochas, nos sentimos muito pequenos, e temos consciência de nossa insignificância ante a magnitude da Terra e o universo.
Os Andes tem aparência árida, arenosa, e suas paredes são salpicadas por tufos de plantas ressequidas lutam com os ventos velozes e frios que sopram incessantemente por lá. Mas pelas sendas correm rios que descem até a planície e matam a sede da terra, tornando-as férteis, cobertas de parreiras de uvas e pessegueiros, tanto de um lado quanto de outro.
Em nossa subida, rumo à fronteira, que está bem lá no alto, há mais de 3 mil metros de altura, nos rendemos à grandeza do lugar, parando para admira-lo e, claro, tirar muitas fotos. Por toda parte, à medida que nos aproximamos no cume da passagem, se vê as marcas da estrutura para enfrentar o inverno naquelas altitudes, marcos para medir a neve à beira da estrada, placas indicando as áreas de abrigo e onde obter socorro em caso de neve pesada, advertências sobre o uso de equipamentos especiais para o gelo na pista. Seguimos ao lado da antiga estrada de ferro que fazia a travessia quando as estradas não eram assim tão boas como são hoje e este era o único meio de comunicar-se ao outro lado por terra, levando as produções até os mercados consumidores, do outro lado da muralha. Abandonada, a estrada do trem tem trechos desabados, mas ainda é encatadora, com seus túneis abertos na rocha e suas pontes de ferro sobre rios que só correm quando a neve dos cumes se derrete, no início da primavera.

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